O Copom do BC decidiu, por unanimidade, promover um corte de um ponto percentual na taxa básica de juros, que passa hoje de 11,25% para 10,25% ao ano, taxa mais baixa na série estatística da Selic, que começa em 1986. Os motivos da decisão só serão conhecidos em maiores detalhes na semana que vem, quando o BC divulgar a ata do encontro. Analistas do mercado apostaram, em meados de março, em um corte de até 1,75 p.p. na taxa Selic. Mas reviram suas projeções para 1 p.p., diante dos sinais de retomada da atividade econômica e das declarações do presidente do BC, Henrique Meirelles, que alertavam sobre o "excesso de otimismo" do mercado. Hoje, o consenso do mercado futuro é que, após promover mais um corte de juros de 0,5 p.p. em junho, o Copom irá interromper o processo de distensão até o fim do ano. O consenso é que, com uma queda total estimada de 4 p.p. na Selic, dos 13,75% vigentes até janeiro aos 9,75% esperados para junho, o BC terá produzido estímulos monetários suficientes para provocar a retomada da atividade. (Valor Econômico – 30.04.2009)
Quinta, 30 de abril de 2009
Copom reduz Selic para 10,25%
Mercado estima que taxa de juros pode voltar a subir em 2010
Se o BC confirmar as expectativas do mercado financeiro nas reuniões do Copom de junho e julho, o Brasil terá, pela primeira vez desde a estabilização econômica, em 1994, taxas de juros de um dígito, algo próximo a 9,25% ao ano. Mas o piso histórico não deverá durar mais que um ano. De acordo com as expectativas do mercado financeiro, a Selic voltará a subir em 2010, ano eleitoral. O BC, que no último relatório fez questão de enfatizar o baixo risco de pressões inflacionárias em 2009, considera haver uma chance de 30% de a inflação chegar ao final do primeiro trimestre de 2011 em um patamar maior que 4,6%, acima do centro da meta fixada pelo governo. A premissa que sustenta a provável elevação da Selic no ano que vem é a de que a economia brasileira estará se recuperando em 2011 amparada pela melhora no resto do mundo e pelo aumento nos preços das commodities. Como há uma defasagem de quase um ano entre o aumento de juros pelo BC e o impacto na economia, a elevação na taxa de juros teria que ser feita em 2010. (Folha de São Paulo – 30.04.2009)
Governo estuda atrelar o rendimento da poupança à Selic
A equipe econômica tem acelerado os estudos para buscar uma solução para a poupança. Hoje, com a Selic em 10,25%, os juros reais estão em cerca de 5,8%. Nos últimos dias, surgiu uma proposta alternativa de atrelar o rendimento da poupança à Selic. Ou seja, a poupança passaria a render um percentual da Selic, o que resolveria uma parte do problema. A ideia conta com a simpatia de muitos integrantes da equipe econômica, mas se esbarra em outro problema: se, eventualmente, os ventos mudarem e o BC for obrigado a novamente subir os juros. O rendimento da poupança iria subir novamente e, de novo, eventualmente, ficar acima de outras aplicações de renda fixa. Há outras alternativas que estão sendo discutidas, como a de recomendar que os próprios bancos recusem grandes aplicações. As discussões vão prosseguir nos próximos dias e, se depender da área política do governo, nenhuma decisão sairá tão cedo. (Folha de São Paulo – 30.04.2009)