O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou pessoalmente as discussões para acertar os últimos detalhes das propostas que o governo brasileiro fará para um acordo em torno da usina hidrelétrica de Itaipu. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem que "uma das propostas" seria permitir a venda no mercado brasileiro da energia oriunda de outras duas usinas hidrelétricas paraguaias que hoje atendem o consumo interno. A ideia é que o Paraguai passe a consumir mais de Itaipu e libere a energia dessas duas usinas, em torno de 300 a 400 MW, segundo Lobão, ao Brasil. Para o país vizinho, isso significaria manter o mesmo volume de energia vendido para o Brasil, mas com uma diferença: hoje, ele recebe uma compensação de US$ 3,1 por MWh - que ajuda a compor a tarifa de US$ 45 (esta inclui ainda o pagamento de royalties e a amortização da dívida de Itaipu Binacional). No raciocínio de Lobão, se passar a consumir mais eletricidade de Itaipu, o Paraguai poderá destinar a produção das outras usinas para o mercado brasileiro, obtendo um valor bem maior. "O presidente Lula tem todo o interesse em colaborar com o governo do Paraguai, sem prejuízo do consumidor brasileiro", observou. (Valor Econômico - 23.07.2009)
Quinta, 23 de julho de 2009
Proposta brasileira ainda está sendo negociada no Planalto
Para Paraguai, proposta está no caminho ''de solução justa''
O governo brasileiro apresentou formalmente ontem ao presidente do Paraguai, Fernando Lugo, sua decisão de permitir a venda da cota paraguaia da energia gerada em Itaipu no mercado livre brasileiro. "Houve avanço na postura brasileira. A proposta consolida uma solução justa e em sintonia com as relações bilaterais", afirmou o chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, ao final do encontro entre Lugo e a delegação brasileira enviada para Assunção antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começar amanhã a cumprir a programação oficial na visita ao país. "Nessa questão, não há vencedores nem perdedores. Há dois governos com novos posicionamentos sobre a relação bilateral", disse o chanceler. Na tarde de ontem, os negociadores dos dois países começaram as discussões sobre os detalhes do acordo - o porcentual inicial da energia que será escoada ao mercado livre, como se dará o aumento gradual e em quais períodos e as condições para que a fórmula seja adotada. "Temos 72 horas para fechar esse acordo. São vários os cenários", resumiu Lacognata, ao referir-se ao fato de que o governo brasileiro teve o cuidado de apresentar uma proposta genérica e de definir os pontos nevrálgicos nas negociações com o Paraguai. (O Estado de São Paulo – 23.07.2009)
Paraguaios rejeitam, venda livre da energia de duas usinas de menor porte
O chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, previu que a reunião dos presidentes consolidará acordos já firmados em relação à conclusão de obras previstas para Itaipu, e maior transparência e cogestão na usina. Os paraguaios rejeitam, porém, uma das saídas preferidas por Lobão, a da venda livre da energia de duas usinas de menor porte no Paraguai, que passaria a usar no mercado interno, no lugar, a energia gerada por Itaipu. Eles alegam que a energia dessas usinas é mais barata e sua troca pela de Itaipu não seria vantajosa. (Valor Econômico - 23.07.2009)