Depois de dez meses de negociação, Brasil e Paraguai divulgaram neste sábado uma declaração de intenções sobre a usina de Itaipu. O Brasil aceitou pagar mais pela energia paraguaia, o que deve gerar ao país um custo adicional de US$ 240 milhões por ano. O presidente Lula classificou o acordo de "histórico" e, ao lado do seu colega paraguaio, Fernando Lugo, anunciou "uma nova era" nas relações entre os dois países, embora todos os pontos do documento ainda dependam de aprovações dos respectivos Congressos. O direito de vender livremente sua energia no mercado brasileiro também foi aceito pelo Palácio do Planalto, mas os termos serão ainda estabelecidos por um grupo de trabalho, que deve entregar as propostas em até 60 dias. (O Estado de São Paulo – 25.07.2009)
Segunda, 27 de julho de 2009
Lugo e Lula chegam a acordo sobre Itaipu
Itaipu: detalhes da negociações
Nas negociações em Assunção, o Paraguai também queria autorização para vender energia a terceiros países, mas o Brasil não concordou. Acertou-se, no entanto, que ambos os países possam fazer isso a partir de 2023. Lula também concordou que Itaipu Binacional construa uma nova linha de transmissão (de US$ 450 milhões) para o interior paraguaio, para permitir a implantação de indústrias. Lula prometeu ainda criar um fundo de desenvolvimento regional para apoiar, especificamente, “a implementação de projetos de cunho industrial e produtivo”. Além disso, ofereceu - sem mencionar cifras - “financiamento em termos favoráveis”, com recursos do BNDES e do Proex, para obras de infraestrutura. Ficou prometido o início de estudos para construir uma conexão ferroviária entre Cascavel (PR) e Ciudad del Este. (O Globo – 25.07.2009)
GESEL: consumidor brasileiro deverá pagar mais, a médio prazo com acordo de Itaipu
O fato de o Paraguai poder vender a energia excedente no mercado livre, em que os preços costumam ser mais voláteis, deve causar impacto sobre o bolso do consumidor. Segundo Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, autoridades brasileiras devem se apegar à expressão “gradual” para tentar adiar o impacto financeiro da medida. Na avaliação de Castro, os técnicos brasileiros tentarão estabelecer um prazo superior a cinco anos para a entrada da Ande para que o sistema elétrico nacional possa se organizar e dar tempo para fazer novos leilões que coloquem em operação outras usinas. Dessa maneira, o país não ficaria dependente da energia paraguaia. Mesmo assim, o consumidor brasileiro deverá pagar mais, a médio prazo, porque o preço de energia de usina nova será mais cara, pois o custo da obra não está amortizado, como é o caso de Itaipu, ressalta Castro. (Zero Hora – 27.07.2009)