Ontem foi a cartada final das duas empreiteiras Odebrecht e Camargo para pressionar o governo. Durante o jogo nessa disputa por Belo Monte, as empresas já tinham tentado forçar alterações. Apesar de anunciarem a saída por entenderem que não existem condições econômico-financeiras para participar da disputa, as empresas deixaram em aberto a possibilidade de voltar ao páreo. O último parágrafo do comunicado oficial que fizeram ontem diz: "A Camargo Corrêa e a Odebrecht reafirmam o compromisso de contribuir com o sucesso do empreendimento, dado que nos últimos anos participaram ativamente dos estudos para o desenvolvimento da Usina Hidrelétrica Belo Monte". A volta poderia se dar caso o governo altere alguma condição, seja revendo a questão da exposição de submercados ou ainda concedendo benefícios fiscais e enquadrando o empreendimento nas regras da Sudam. Ainda se espera também as condições de financiamento do BNDES. (Valor Econômico – 08.04.2010)
Quinta, 8 de abril de 2010
Belo Monte: Odebrecht e Camargo Corrêa estão fora da disputa
Belo Monte: Previ preocupada com condições do leilão
Até mesmo a Previ, acionista da Vale e Neoenergia, está preocupada com os cálculos do retorno sobre o investimento que as condições do leilão impõem, segundo uma fonte próxima ao fundo. Na quarta-feira à noite, a Aneel divulgou os esclarecimentos sobre o edital e afirmou que o preço-teto do leilão, de R$ 83 por MWh, não será corrigido pela inflação desde dezembro de 2008, como desejam as empresas. Se atendesse o pedido, o preço poderia ficar em R$ 89 por MWh. A Aneel também informou que não há nenhuma previsão do chamado "alívio de exposição de diferenças de submercados", que também era reivindicado. O alívio de exposição era pedido em função do fato de que a energia será produzida no Norte do país, mas a maior parte dos grandes consumidores está no Sul e Sudeste. Há uma diferença de preços entre as regiões, risco que é assumido pelos consumidores. (Valor Econômico – 08.04.2010)
Belo Monte: Zimmermann descarta alteração no preço-teto da tarifa
O governo minimizou a desistência da Camargo Corrêa e da Odebrecht de participar do leilão da usina de Belo Monte. O recém-empossado ministro de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, descartou alteração no preço-teto da tarifa, estipulado em R$ 83 o megawatt-hora e considerado baixo pelos investidores. Segundo ele, também não haverá mudanças nas regras de comercialização da energia produzida pela usina, como pediram os agentes interessados na disputa. "Isso demandaria alterações no modelo, a edição de decretos e um novo edital, que atrasariam todo o processo. Está descartado." O ministro não quis comentar rumores de que o governo estaria patrocinando um novo grupo para evitar o fracasso do leilão. A Folha apurou que o governo tentaria viabilizar um consórcio formado pela Alupar, pela Bertin e pela construtora OAS. Sobre o questionamento do MPF/PA, Zimmermann disse acreditar na solidez do processo de licenciamento. (Folha de São Paulo – 08.04.2010)