Os consumidores de luz no
Brasil, punidos com uma das tarifas mais caras do mundo, estão sustentando
negócios de risco feitos por intermediários que compram e vendem energia no
curto prazo num gueto do mercado livre. Esse segmento de compra e venda de
energia no curto prazo representa entre 4% e 6% do mercado brasileiro de
energia e há estimativas de que movimente R$ 8 bilhões por ano. É nesse nicho
que a Brix, a nova Bolsa criada pelo bilionário Eike Batista, vai começar a
operar. A sobra de energia nas hidrelétricas é o que tem sustentado esse tipo
de negócio. São sobras bancadas pelos consumidores e criadas para dar segurança
ao abastecimento do país. Hoje, mais de 80% da geração ocorre em hidrelétricas.
"Essas sobras acabam por servir à especulação. Quem vive na rebarba do
sistema, sem contrato de longo prazo, vive bem, mas ele atua de uma maneira
oposta àquela que daria segurança ao sistema", diz Carlos Augusto
Kirchner, consultor em energia e diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado
de São Paulo. (Folha de São Paulo – 15.04.2011)
Sexta, 15 de abril de 2011
Consumidor de luz sustenta operação de risco no setor
Aneel propõe limites para as transações no mercado de energia
Os negócios de risco realizados
no mercado livre de energia fizeram acender a luz amarela da Aneel, responsável
por fiscalizar o setor. Além de propor limites para as transações no mercado de
energia, a agência pediu à Superintendência de Estudos de Mercado sugestões
para reduzir os problemas de inadimplência no mercado livre -situação que
começa a gerar perdas também para estatais, como a Petrobras e a Eletrobras. (Folha
de São Paulo – 15.04.2011)
FNE pede fim da autorização para agentes negociarem energia em contratos de menos de um ano
A FNE (Federação Nacional dos
Engenheiros) encaminhou carta ao MME (Ministério de Minas e Energia) a partir
da qual faz alertas sobre a armadilha que há hoje no interior do setor
elétrico. A federação e outras entidades pedem o fim da autorização para os
agentes negociarem energia em contratos de menos de um ano. O grande problema é
a falta de transparência dos contratos de curtíssimo prazo. Pela regra atual, a
Aneel permite que agentes apresentem posteriormente ("ex-post", no
jargão do setor) o contrato de energia que dá cobertura à demanda de um consumidor.
Caso não apresente o lastro (cobertura para o contrato de venda), esse agente
se submete a punições previstas na regulação desse mercado e fica a mercê do
preço da energia de curto prazo, que pode variar de R$ 12,08 (quando há sobra
de energia na hidrelétrica) a até R$ 689,18 (se a reserva das usinas zerar). Mesmo
assim, a Aneel quer permitir a alavancagem na venda de energia, com cobertura