A resistência de grandes empresas do setor elétrico em renovar suas concessões nos termos propostos pelo governo federal ameaça a promessa da presidente Dilma Rousseff de reduzir a conta de luz em 2013 e pode ter, inclusive, efeitos sobre a política monetária. A estatal mineira Cemig já deixou fora da lista de prorrogações três hidrelétricas que somam potência de 2,5 mil MW. Somente nesse caso, uma fonte do governo calcula um impacto de menos 1% na redução média da tarifa anunciada ao usuário final, que foi de 20 %. Além das três usinas da Cemig, analistas do setor elétrico são praticamente unânimes ao afirmar que a geradora Cesp e a transmissora Cteep devem rejeitar a renovação antecipada e condicionada de suas concessões. (Estado de S. Paulo – 08.11.2012)
Sexta, 9 de novembro de 2012
Elétricas colocam em risco plano de Dilma para reduzir conta de luz
GESEL: meta fixada pela presidente é comprometida se usinas não renovarem
"Obviamente, se as usinas não renovarem, aquela meta fixada pela presidente da República certamente vai ficar comprometida", disse o coordenador do GESEL/UFRJ, Nivalde de Castro. (Estado de S. Paulo – 08.11.2012)
Elétricas podem perder R$ 47,6 bi com renovação
A proposta do governo para renovação das concessões de geração e transmissão de energia embute uma perda de R$ 47,6 bilhões para as empresas do setor que aceitarem as condições. Esse valor inclui apenas as perdas de receita e indenizações às quais as geradoras e transmissoras teriam direito de receber até o vencimento das concessões, entre 2015 e 2017. Os valores fazem parte de um estudo de um banco de investimentos consultado pelo Valor e se referem a 109 usinas que querem renovar suas concessões. Dessas, o governo entende que apenas 15 usinas têm direito a indenização por ativos ainda não depreciados, ou seja, 94 usinas não têm direito a nada. Já o governo está propondo apenas o pagamento de R$ 20 bilhões. "Se as empresas não aceitarem a proposta, vão receber R$ 47,6 bilhões ao final da concessão, ainda tendo direito a esses R$ 20 bilhões que estão sendo oferecidos antecipadamente", explica uma fonte. Da perda total estimada pelo estudo, a maior parte, ou R$ 32 bilhões se refere à renúncia de receitas garantidas até o fim dos contratos. Outros R$ 15,5 bilhões são perdas relacionadas a investimentos em manutenção das geradoras de energia e a ativos de transmissão que entraram em operação antes de maio de 2000, para os quais a Medida Provisória 579 não prevê indenização. (Valor Econômico – 09.11.2012)