O governo voltou a formar uma linha de frente para espantar os rumores sobre o risco de o Brasil ter que enfrentar em 2013 novo racionamento de energia. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, enfatizou que o Brasil tem estoque de energia suficiente e alternativas a recorrer para passar pelo período de estiagem nas bacias dos rios que alimentam os reservatórios das principais hidrelétricas. Ao abrir entrevista concedida à imprensa, o ministro fez questão de ressaltar que o encontro do CMSE, ocorrido ontem, não tinha caráter emergencial. "Na reunião, prevaleceu a tranquilidade reiterada de que o país está em condições de atender todas as nossas necessidades", disse Lobão. Outro assunto que tem incomodado o governo está relacionado ao alto custo térmicas que estão funcionado a todo o vapor para compensar baixa na geração hídrica. O ministro reafirmou ainda que está preservado integralmente o desconto médio de 20% nas contas de luz programado para fevereiro. (Valor Econômico – 10.01.2013)
Quinta, 10 de janeiro de 2013
Lobão diz que redução de 20% na tarifa está garantida
Para reduzir conta de luz, governo quer dividir custo de usinas termelétricas
O governo estuda uma maneira de impedir que os consumidores paguem o custo adicional gerado pelo uso das usinas termelétricas e, assim, cumprir a promessa da presidente Dilma Rousseff de reduzir em cerca de 20% a tarifa de energia neste ano. Segundo informou ontem o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, a Aneel trabalha com um aumento de custo de no máximo 3% - isso no cenário de extrema falta de chuvas. As usinas termelétricas funcionam como colchão de segurança para o sistema brasileiro, que concentra 75% de sua matriz em hidrelétricas. O impacto do uso das térmicas será sentido ao longo do ano, quando são aprovados pela Aneel os reajustes de tarifa, com base nos custos das distribuidoras. O plano do governo é poupar o consumidor da maior parte desse aumento. Pelos cálculos do setor, cada mês de térmicas ligadas traria um aumento de custo da ordem de um ponto percentual. Em 12 meses, portanto, o impacto seria de 12%. (Folha de São Paulo – 10.01.2013)
Especialistas criticam falta de planejamento
Especialistas em energia apontam problemas estruturais no sistema elétrico brasileiro e criticam a falta de planejamento. Dizem que o governo deveria diversificar fontes para reduzir a dependência hidrológica e cobrar metas de eficiência das empresas concessionárias. "Precisamos de planejamento", diz o físico José Goldemberg, ex-ministro da Ciência e Tecnologia. "Agora estamos dependendo de São Pedro. A curto prazo, não há nada a fazer", afirma. "Temos que sair do binômio hidrelétricas-térmicas e ir para outras fontes", defende Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de clima e energia do Greenpeace Brasil. "A térmica é barata de fazer, mas cara quando tem que usar", lembra. Segundo Baitelo, "cada real gasto para operar usinas térmicas poderia nos fornecer 60% a mais de energia solar ou cinco vezes mais em energia eólica." Ele compara a conta de acionar emergencialmente as térmicas (perto de R$ 500 por MWh) com a da geração fotovoltaica (R$ 300/MWh) e da energia eólica (perto de R$ 100/MWh). (Valor Econômico – 10.01.2013)